sábado, 28 de março de 2009

William Somerset Maugham - Of Human Bondage

"Servidão Humana" conta a história da vida imensamente sofrida de um homem, desde o nascimento até o momento de revelação do sentido da vida, que o elucida e torna num ser realizado.

O autor, narra com um tom semi auto-biográfico, a experiência de vida de Philip, um jovem orfão com um pé boto.

É criado por um tio, Vigário e a sua esposa e cresce influenciado por valores e regras religiosas.

Os primeiros contactos sociais na infância, são cruéis devido à sua diferença fisíca, antes não tão sentida, que assim se torna motivo de vergonha e profundo desgosto.

Abraça os estudos com sucesso, os seus esforços e capacidades traçam-lhe um futuro promissor, que Philip opta não seguir.

Perde a Fé, farto de se preparar para a vida, quer vivê-la. Começa de novo, tenta construir o seu futuro, esquece Deus e a sua omnipotência, esquece um passado sem afecto familiar e social, traições, mágoas inferidas e desferidas.

Aventura-se na procura da felicidade que espera encontrar na arte e no amor.
Desilude-se com a sua falta de talento; apaixona-se e sofre.

Concluí que "vivera constantemente no futuro e o presente sempre lhe fugira por entre os dedos, toda a sua vida aspirara às ideias que outros, com as suas palavras e escritos, tinham inculcado nele, nunca seguira o desejo do seu próprio coração."

Os episódios de vida retratados chocam-nos, irritam-nos, algumas acções de Philip repulsam-nos, no entanto em simultâneo quase compreendemos o 'incompreensível compreensível' e sentimos uma grande empatia com esta personagem.

Ambos protagonista e leitor querem a resposta... 'Qual é o sentido da vida?'. Acompanhamos a busca da procura e do sentido da vida na Felicidade. E Philip encontra a sua resposta num tapete Persa.

Abaixo uma passagem significante da conclusão do romance:
[Philip speculating:]
Thinking of Cronshaw, Philip remembered the Persian rug which he had given him, telling him that it offered an answer to his question upon the meaning of life; and suddenly the answer occurred to him: he chuckled: now that he had it, it was like one of the puzzles which you worry over till you are shown the solution and then cannot imagine how it could ever have escaped you.

The answer was obvious. Life had no meaning...

Philip remembered the story of the Eastern King who, desiring to know the history of man, was brought by a sage five hundred volumes; busy with affairs of state, he bade him go and condense it; in twenty years the sage returned and his history now was in no more than fifty volumes, but the King, too old then to read so many ponderous tomes, bade him go and shorten it once more; twenty years passed again and the sage, old and gray, brought a single book in which was the knowledge the King had sought; but the King lay on his death-bed, and he had no time to read even that; and then the sage gave him the history of man in a single line; it was this: he was born, he suffered, and he died.

There was no meaning in life, and man by living served no end. It was immaterial whether he was born or not born, whether he lived or ceased to live. Life was insignificant and death without consequence.

Philip exulted, as he had exulted in his boyhood when the weight of a belief in God was lifted from his shoulders: it seemed to him that the last burden of responsibility was taken from him; and for the first time he was utterly free.

His insignificance was turned to power, and he felt himself suddenly equal with the cruel fate which had seemed to persecute him; for, if life was meaningless, the world was robbed of its cruelty. What he did or left undone did not matter. Failure was unimportant and success amounted to nothing.

He was the most inconsiderate creature in that swarming mass of mankind which for a brief space occupied the surface of the earth; and he was almighty because he had wrenched from chaos the secret of its nothingness.

Thoughts came tumbling over one another in Philip's eager fancy, and he took long breaths of joyous satisfaction. He felt inclined to leap and sing. He had not been so happy for months.

"Oh, life," he cried in his heart, "Oh life, where is thy sting?"

quarta-feira, 18 de março de 2009

"Não sou nada...."

"À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
(...)
"Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade."
(...)
"Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu."
(...)
"Falhei em tudo...talvez tudo fosse nada."
(...)
"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!"
(...)
"Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha."
(...)
"Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,"
(...)
"(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada."
(...)
"Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra."
(...)
"...num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto."
(...)
"...e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança,..."

domingo, 8 de março de 2009

todos os dias são 'Dia da Mulher'...

"Lesley Gore - You Don't Own Me, recorded in 1964 found on the album "Lesley Gore Sings Of Mixed-Up Hearts".

(...) this song can be considered one of the many things that helped begin the Women's Liberation Movement, despite the fact that the movement did not really take off until a decade later. This song is one of the very first songs in which a woman demands her independence from her man.
Goldie Hawn, Diane Keaton, and Bette Midler sang this together in the 1996 film
"The First Wives Club"."




You don't own me, I'm not just one of your many toys
You don't own me, don't say I can't go with other boys

Don't tell me what to do
Don't tell me what to say
Please, when I go out with you
Don't put me on display,
'Cause You don't own me, don't try to change me in any way
You don't own me, don't tie me down 'cause I'd never stay

I don't tell you what to say
I don't tell you what to do
So just let me be myself
That's all I ask of you
I'm young and I love to be young
I'm free and I love to be free
To live my life the way I want
To say and do whatever I please

A-a-a-nd don't tell me what to do
Oh-h-h-h don't tell me what to say
And please, when I go out with you
Don't you dare put me on display

Hey, I don't tell you what to say
I don't tell you what to do
So just let me be myself
That is all that I ask of you

I am young and I love to be young
I'm free and I love to be free
To live my life the way I want
To say and do whatever...

domingo, 1 de março de 2009

factor masculino

Ela achava que era dela, sempre teve tantas dores durante o período, já chegou a ficar de cama tal era o mau-estar.

Ele achava que era dele, sentia algo diferente.

A histerosalpingografia* foi dolorosa para o corpo (e para o bolso!), mas com as trompas estava tudo bem.

O espermograma* foi difícil, deram-lhe um copo e apontaram-lhe o sentido da casa de banho.


O resultado não estava bem, quando se marcou a 1ª consulta de infertilidade no Público, já sabiam ao que iam, a famosa lista de espera.

Ela não quer que Ele a veja chorar, Ele tenta reconfortá-la, os seus olhos estão tristes, a desilusão estampada no seu rosto.

Sempre que a vê chorar sente-se culpado.

Ela não está convencida, e se houver algo mais de errado com ela, o seu sistema reprodutor não se resume às trompas!?

Ela agora, chora no banho, a água corre e não se notam lágrimas.


* GLOSSÁRIO